Um poema sobre os bilionários e a besta do neoliberalismo.
Música seca e inacabada.
Voz estridente.
Indignação.
Imagem: “What is Leviathan?” – @MythologyFictionExplained
Criatura
Paira entre nós uma força antinatural.
Espécie de criatura espectral,
cuja virtude é odiar toda gente.
Vende as nossas almas a preços módicos,
nas feiras de itens esdrúxulos,
acessíveis a homens ricaços,
fechados em escritórios longíquos.
Homens estes interessados
nos rendimentos vultosos,
criados em torno de nada,
justificados por certa regra abstrata,
garantidora de haveres inúmeros,
a despeito da morte tirânica,
ocupante, primeiro, das crianças famélicas
e que, depois, se refestela
nas casas das castas incrédulas,
medianas e desamparadas,
todavia convencidas
de que merecem a miséria,
hipnotizadas pelo brilho incandescente
daquela galera rica, monstruosa,
narcísica,
serva da besta híbrida,
sempre desperta,
divertida entre nós,
cidadãs absortas.
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