Oi, gente amiga!
“A falha na barba”, extraído do meu livro, “Um grifo-pedrês”, faz parte da série de poemas dançantes, EM CASA. Esta experiência de executar os videopoemas em frente às câmeras é um desafio em dois sentidos.
Primeiro, ela me força a iniciar o trabalho de conseguir me apresentar em espaços de arte e de música e, com isto, iniciar a minha carreira musical.
Além disto, ela representa o que ainda me é super complicado: soltar-me perante os olhos do público. Deixar vir para fora o “showman”, o músico, o poeta, há tanto tempo aprisionados dentro de mim.
Uma coisa puxa a outra. Quanto mais desenvolto, mais próximo do palco. E vice versa. Sei que estou à altura desta tarefa.
Venha dançar comigo e chame mais gente para vir também!
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Composição, produção musical e vídeo: Murilo Guimarães
A Falha na Barba
“Das muitas estradas passadas,
nenhuma é tão funda e tão larga
quanto esta linha expressiva,
visível ao lado da pálpebra.
Nenhum dos gritos que eu soltava,
criança lactente de cara rachada,
foi tão alto quanto a atual gargalhada,
que extravasa da memória interdita.
Nenhuma paisagem é tão colorida
quanto esta que agora a minha retina avista.
Vejo como era o meu rosto antes de eu nascer.
Aos três dias de vida, a mesma cara,
quanto mais sorria ou falava, mais eu a amava.
Quanto mudou a minha cara,
pelas cidades, pelas vias esquisitas,
pelas avenidas e pelas entradas,
nenhuma delas tão funda ou tão larga,
quanto a minha sobrancelha esgarçada,
ou aquela falha na barba.”