Brumado Menestrel

Uma personagem evoluiu em meio à bruma
e fez este poema da minha ânsia matinal:
“por trás do júbilo imbecil
dos integrados à sociedade
e à moderna tecnologia,
subsiste a fome estreita.
Dor contrita muitas almas espreita.
Vidas derribadas, esvaecidas no lodo da história.”
Minha cara expressiva com raiz silvícola
enfim compreendia
a vaziez da minha existência
embuçada até eu ler
os restantes versos do brumado menestrel:
“infâncias sujas, maltratadas, desviadas,
açambarcadas aos cinco anos de idade
e antes dos dez o sexo, o balázio e a cachaça.
Descarado menoscabo brasileiro
das suas absolutas misérias”.
Escrito em 29 de Junho de 2006.

3 comentários sobre “Brumado Menestrel

  1. Achei o texto muito oportuno para o dia de hoje, quando soubemos da notícia do grupo de crianças mantido em cativeiro por homens influentes a explorá-las sexualmente e a estragá-las com drogas. Parabéns pelo poema e pela sensibilidade!

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