Para compreender as “crises” na América Latina, especialmente na Argentina, na Venezuela e no Brasil, deve-se seguir o rastro do poder econômico. De onde vem e nas mãos de quem ele está, ainda hoje?
Uma vez feito este rastreio, descobre-se que estes grupos economivos, digamos tradicionais estão, maioritariamente, agregados em setores políticos da chamada ‘direita’. Ainda que em algum momento eles tenham-se aliado a governos de centro esquerda, ninguém se pode enganar: seus interesses são contrários aos dos trabalhadores das classes mais baixas (as classes médias, pelo seu valor instrumental, são toleradas).
De fato, os ‘poderosos’ latino-americanos são ‘parentes’, uma vez que compartilham direitos de exploração que não esvaneceram com a instituição das repúblicas neste lado do planeta. Que nada! Seus valores são, em grande parte, os mesmos que seus bisavós e tetravós defendiam no século XIX, frente ao avanço do liberalismo e dos regimes (mais) democráticos. Não me impressiona, portanto, ver que ainda haja tantos latifundiários e tantos escravocratas ocupando cadeiras legislativas e redações de jornais pela latino-america a dentro.
Numa perspectiva otimista, quem sabe estes grupos estejam, finalmente, após mais de cem anos, encarando o definitivo ocaso de seu poderio? Não se pode ter como certa tal perspectiva, todavia esta pode ser a mensagem implícita nos espetáculos jurídico-midiáticos que, por hora, tornam mais interessantes os cenários políticos da América Latina.
Com a ajuda de juízes parciais, de uma mídia vendida e intransigente (porque famigerada por mais dinheiro), estes ‘senhores do capital’ vêm conseguindo paralisar as economias daqueles países, para tentarem criar a impressão generalizada de corrupção endêmica das esquerdas ‘bolivarianas’. Medidas as proporções e consideradas as diferenças institucionais, o método de desmanche de governos populares parece-me exatamente o mesmo, seja na Venezuela ou no Brasil.
Siga o dinheiro, para ver quem detém quais poderes, amigo e amiga latino americanos. Se alguém ocupa uma cela de cadeia, pode-se dizer que este prisioneiro detém ou representa dinheiro ‘novo’, republicano. Se, apesar de investigado o processado, o indivíduo posa em liberdade de vestal da dignidade e da retidão, aponte-lhe o dedo: trata-se de alguém que detém ou representa dinheiro ‘velho’, comprometido com os séculos de colonialismo, dinheiro ainda entranhado em algumas instâncias dos Estados e, ao que tudo indica, a respirar os últimos ares de sua existência.