Homofobia

No último sábado, fui vítima de homofobia. Horrível!

Dois ou três homens aproximaram-se pelas minhas costas para me oferecerem drogas – cena por vezes assustadora comum em Lisboa, num sábado à noite. São jovens, segundo dizem, de nacionalidade romena, que fazem dinheiro enganando turistas desavisados, vendendo-lhes pacotes de substâncias que imitam drogas.

Eu continuei a andar e neguei com a mão. Estávamos em frente a uma saída de estação de metrô, numa zona turística movimentada, próximo a lanchonetes, pois eu procurava jantar. Eram cerca de 21 horas, eu ia ao encontro de colegas, para a despepida de uma delas.

Depois da negativa, um deles continuou: “És gay, não és?”. Foi muito inesperado. Em situações assim, um não com a cabeça resolve a abordagem. Entretanto, ele insistia no assédio, desta vez sublinhando outro dado: “és boiola?!” Além de homossexual, ele mostrava saber também que eu sou um brasileiro. Uma das atividades do caçador é observar a sua presa, estudá-la. Desesperei-me: eu fora descoberto!

Porém mantive a passada. Entrei num café, onde estavam alguns homens e uma mulher com seu filho pequeno e, depois de instantes de sobressalto silencioso, pedi um ‘panado e um iced tea’. De lá podia ver toda a rua e me assegurar de que os homens tinham se afastado.

O funcionário de mesa foi à porta uma vez e retornou para perto do balcão a olhar para mim, sinalizando que meu caminho estava livre. Acabei a breve refeição e saí do café com a sensação de ter a identidade decifrada por um desconhecido, que pode estar culturalmente programado para molestar homossex

uais. E, como se não bastasse, por estar em Lisboa a dividir espaço com portugueses e numerosos estrangeiros como eu, fica a questão crucial: o que significa para estes homens estranhos a minha brasilidade?

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